Em outros casos, nunca dei trabalho. Como não tinha muitos amigos ou gostava de conversar, nunca dava problema para os professores ou para meus pais dentro de casa. E o dia em que eu me recusei a fazer o dever de casa apanhei do meu pai, minha mãe só me dava AQUELE olhar que valia por mil tapas eu seguia. Bom, eu não apanhava pois nunca foi necessário e meus pais não me educavam assim, entretanto acredito que a agressividade sempre fez parte do meu DNA.
Paciência é uma coisa que não fui agraciada, mas controle de não sair dando chute em qualquer um que me estressa foi um presente.
As esperanças eram ter uma filha com um grande futuro ou ao menos uma profissão estável. Mas não foi o que resultou. Alguns anos se passaram e eu continuo vagabundando.
Eu sei fazer muitas coisas. Sei criar sites e mexer com design, sei escrever algumas coisas, sei editar vídeos e talvez possa desenvolver algum programa se eu me empenhar. Mas eu também sei desenhar e eu gostava disso.
Fui forçada a entrar na faculdade. Escolhi design gráfico pois tratava-se de algo que se interligava com marketing, algo que minha mãe fazia e pensei em apoiá-la nesse quesito. Algo no meio do caminho deu errado novamente e eu tranquei o curso. Até então nunca mais sai de casa (já era comumente).
Nunca fomos ricos de vida e eu nunca fui de alma. Mas eu tentei usar uma coisa que eu sabia fazer para lucrar com isso, desenho. Mas eu não sabia vendê-lo e pensei em pedir auxílio de minha mãe para isso.
Nunca vi minha mãe tão animada com a dupla de marketing publicitária e a sua projetista visual. E eu me animei com isso, portanto, não sabia balancear entre o trabalho com minha mãe e os desenhos que eu não sabia vender. Acabava querendo fazer mais o que eu gostava (desenho) do que eu estava comprometida (design).
Cheguei a incrível conclusão de que desenho era um hobbie. Mas havia sempre aquela frase martelando na minha cabeça: “siga seu sonho” e bla bla bla — não sou entusiasta, eu simplesmente não me importava então questionei com isso a minha mãe:
— Vou parar de desenhar e focar somente no nosso trabalho — disse a ela.
E seus olhos brilharam. Minha mãe era minha única amiga e companhia até então, desta forma foi o suficiente: era um Hobbie e não precisava disso. E estava tudo bem. Eu confesso que me entristeci e de fato ela notou logo depois comentando algo como “não apague seus desenhos, é uma lembrança sua” (entendam que eu não me apego a muitas coisas materiais então descartei muitos desenhos). Não foi muito distante o dia em que voltei a desenhar para descontrair, como uma criança mostrei à minha mãe o trabalho bem-feito (depois mostro pra vocês minha orgulhosa obra de arte) e ao olhar a tela ela sorriu orgulhosa.
— Que lindo filha. Você já fez os posts da Doutora? — ela perguntou logo em seguida (a Doutora trata-se da cliente no qual trabalhamos).
Após mais alguns anos passando raiva com cliente e minha mãe achando que o que eu fazia era a base de uma varinha mágica e pift poft bum, eu entrei em vários hobbies achando que podia lucrar com isso (atente-se ao fato de que tudo era pôr dinheiro, pois era o que precisávamos), mas não demorou para tudo aquilo me atrapalhar.
Recentemente eu pensei em fazer mais uma coisa que gosto e ganhar money com isso. Fui falar com minha mãe.
— No seu momento de Hobbie, né? — ela ajeitou-se.
O único hobbie que eu não tenho é ter coragem para ser dona de casa :v Parei pra averiguar minha vida
Eu to com a leve impressão de que eu escrevi esse texto, é um pouco assustador e complicado. Hoje eu não penso mais em vender meus desenhos, porque não tenho empenho pra isso, me assusta muito ter que desenhar sob demanda, algo que eu faço espontaneamente e que vem em raros picos de motivação. Inspiração eu tenho sempre, mas ação para fazer é diferente... "A minha falta de importância talvez seja o motivo pra acharem que é apenas um hobbie", eu não vou nem conseguir escrever sobre isso, mas isso me tocou num lugar bem intimo, vou me retirar para refletir sobre ( ̄_ ̄|||)
ResponderExcluirAcho que esqueci de dizer oi, primeira vez comentando por aqui. Sempre fui mais expectadora, visitando esporadicamente sem esperanças de que você fosse voltar a postar. Eu amo seus layouts e tenho todos salvos praticamente, teve um tempo que eu tava atrás de modelos fora do padrão de sempre e os seus são muito únicos! Graças a você eu conheci o middlepot.com que virou outro lugar de visitas constantes.
ExcluirAdorei o layout novo, me fez querer tentar uma área de post meio transparente também, achei uma fofura. Toda vez que algum muda o layout eu gosto de vascular tudo e vi que você colocou meu blog no seu blogroll 〒▽〒 com um comentário muito fofo em tooltip, obrigada! Que bom que está de volta. Xero!
Olá, senti profundamente o que li até ao fim... Neste momento estou a tentar concluir a faculdade, mas dá muita vontade de sair, e parece que estou a viver da forma que a minha família julga ser correto. No entanto, não tenho coragem de trancar ou de mudar. Não tenho trabalho, não tenho como me sustentar, não quero sair do curso e ficar dependente deles... Não tenho plano B. Não tenho um trajeto que eu gostaria de experimentar nem garantia que vá dar sucesso. Gostaria de aprofundar os meus hobbies e talvez monetizar mas teria de me esforçar demais e não sei até que ponto eu tenho capacidade de tornar os meus "escapes da realidade" num "trabalho do qual provavelmente eu vou querer fugir da pressão". Então vou me mantendo nesse limbo, tentando sobreviver, terminar o curso (que eu já nem sei se gosto)... e posteriormente esperar conseguir um trabalho que me permita alcançar um caminho que me dê mais liberdade no futuro... mas é um pouco estranho ir num caminho para o qual não tenho destino concreto.
ResponderExcluirGostei muito do layout :)
Espero que no fim dê tudo certo para ti também.
- Ani
Oi nigo tudo bem? Seu blog ficou tão lindo!
ResponderExcluirVocê mudou a url então demorei mas achei o blog hehehe.
Sabe Nigohyu, eu te compreendo um pouco, pois temos idades parecidas (eu li a página sobre você e você tem 23, eu 20, e por mais que sejam 3 anos de diferença é bem pouco) e eu sinto que deveria ter uma profissão estável também, mas continuo 'vagabundando' pela vida sabe.
Isso da faculdade e ter algo para fazer dinheiro é bem complicado mesmo. Como está no título do seu post, eu fico pensando, por quê nem tudo é 'útil' de fato? E por quê o 'útil' é necessariamente aquilo que gera renda? Bem, espero que sua situação melhore Nigo, tudo vai ficar bem, nem que seja na hora de virar pro lado da cama e dormir ~~
Baby Blue Love
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAhh sei q já vi antes mas o layout tá lindo, uma benção os detalhinhos etc
ResponderExcluirBem... É meio triste mas por um lado é bom que esteja desabafando e sendo honesta consigo mesma sobre como se sente**, com fé na vida (em Deus) nós vamos ir criando nossos projetos criativos e torná-los rentáveis, ainda q seja aos poucos, no tempo de hobbie
ResponderExcluir